segunda-feira, 2 de abril de 2018

um corpo



Se no final de tudo eu ainda conseguir: 
estudar, depois de uma longa jornada de trabalho...
e se eu ainda consegui ler três paginas do meu livro
depois de cozinhar passar e cuidar dos filhos...
se (eu) ja é tanto... quando consigo ser
ja não sou nada, um corpo cansado da batalha da vida,
cansada da casa, das engrenagens que escravizam gente...
Essa foi e será nossas correntes, 

quem nasce com ouro, 
carrega nos dentes!!!
(2014)

terça-feira, 6 de março de 2018

pequenas doses

Não eu não deixei de escrever
Só passei um tempo esquecida na prateleira
fique por um tempo anestesiada
preferi ficar sem sentir dor...
A dose não foi o suficiente e
novamente eu estava la querendo mais
mesmo que aquilo me fizesse mal
Eu só não queria sentir dor...
Passei a tomar doses mais fortes
O que me fez esquecer que o tempo passou
e eu já não sabia quanto tempo tinha ficado ali.
Muitas flores e paisagens se passaram e eu
já não sentia, já não era percebida,
quase que nem me movia
tudo para não sentir dor...
Sem dores, sem sentir nada
tudo se desmanchava
o céu da boca que se abriu
e engoliu por um segundo
as dores que lhe pariu.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Dores serão...
como se não houvesse chão
nenhuma palavra pra se  dizer
o medo eterno pode até instaurar prazer



terça-feira, 12 de maio de 2015

Ao meu lado


Não tenho medo do desconhecido
Nem daquele que trás um punhal na mão
Meu corpo não será vencido
enquanto nesse mundo houver chão
Ao meu lado voam os pássaros
trago com eles a liberdade
também voamos sozinhos 
em dias de tempestade
Ao meu lado rodopia
a saia de um furacão
roda o vento com malicia
trás na rosa um comichão
Sou do vento ventania
eu também venho de la
trago comigo sete chaves
uma porta para entrar
Não trago rastro no caminho
não tem como me seguir
Orixá no meu destino
pai Exu que esta por mim

quinta-feira, 24 de abril de 2014

[so da]

saudade sacana
começa leve e termina insana
lembranças boas das mais dolorosas
do aperto contra o peito, do abraço no leito
visão temporária de um instante de memoria
quanta inquietude, nao organizar/organizando
tudo para o tempo alargado passar...
um rodopio pela casa,
tudo ao mesmo tempo é como sei levar
a saudade insana perversa, começa a imaginar,
criar possibilidades infelizes, 
corpos que teorizam um sofrimento meretriz,
no quarto espera 
seu corpo se desespera
molha a cama em chamas

clamas, esperas...

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

(do fundo do baú, poeminha que fiz 1999) " para se fazer de retalhos"

Tantos movimentos primitivos das salivas saciadas
orgulho rompido, conflitos de idéias por amores diferentes
ao grito de um amor leal ou encontros que pedem
uma nova semelhança.
O calor que faz-me levantar do meu aconchego,
meus movimentos em círculos deixa-me ver que estou
apenas sentada driblando os olhos alheios, fato não posso relatar...
deixo passar esse fluxo de dor perdida com preço e troco,
essências de tantas perguntas e insegurança por teu medo de se entregar
para chegar ao meu mundo toque primeiro a sua alma, beija-a ao fundo de um longo trato
talvez preencha nossos encontros feito de pura ausência do teu corpo
talvez salve nossas viagens de doações extintas...
beba um copo de água, cure sua ressaca
estude o silencio e compreenda seu soluço.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

aqui fora dentro

Já não saímos porque la fora chove.
Nossos corpos molham aqui dentro,
atendemos a vontade de escorregar pelos olhares
e ver transformar  nosso dia
em meses debaixo do lençol.
Do seu corpo brotam gotas
reticenciando a erupção de meus poros
entregues ao deleite me resta
um trago e um contemplar 
da sua beleza.
4:27 da manha ainda não 
sinto sono, o cheiro de café
do vizinho invade meu quarto,
so mais um trago, um traço
antes de despertar seus olhos.