sexta-feira, 31 de maio de 2013
corpo oratória interna!
equilíbrio
o impulso passa
atravessa,
laça por vezes
não consigo
quero verter
o prazer
em descobertas
dias e noites
sem pressa
quero amantes
incessantes
com a boca aberta.
livrai o corpo:
da mesmice
da preguiça
do mal costume
do apego
da carne
quero beber
de tanta vontade
engolindo margens
saciar vontade
vou rompendo medos
loucura selvagem
segunda-feira, 27 de maio de 2013
militancia
[ ela diz quem sou]
Quando me perguntam se entrei na militância agora, prefiro não falar nada. Mas lembro que sou filha de Jovanina Soares. Com formação apenas até a quarta série, alfabetizou quase um bairro inteiro, alunos esses desacreditados, expulsos de outras escolas, considerados incapazes de aprender, Jovanina dava jeito! Transformou sua casa em escola, mas também era parteira, curandeira, costureira, benzedeira (me desculpe os chineses, mas ventosa aprendi com minha vó), entendia de alvenaria, com serrote na mão fazia mesa e cadeira de madeira com divina perfeição. Dividia uma maçã em 12 partes, alimentou operários em grandes construções. Ajudava até mesmo quem ela tinha como inimigo. Dona Inácia, era a unica senhora moradora da rua que ainda tinha sua casa de taipa, minha vó e ela estavam naqueles longos anos de inimizade.
Muito conhecida e prestativa, tinha uma fila a perder de vista de pessoas que lhe deviam favores. Perto da chegada do inverno, que dura 6 meses em São Luis, ela passou a arrecadar dinheiro pedindo a todas as pessoas que passavam pela rua, comprou tijolo, cimento, todo material necessário. Seu Luiz, pedreiro, pai da ultima criança que ela trouxe ao mundo, ficou grato em poder retribuir construindo a casa de dona Inácia. Na politica morreu defendendo e fazendo militância para seu Basileu, que nunca conseguiu ser eleito vereador do Bairro de Fátima. Em casa quem mandava era ela, serviços domésticos eram iguais para homens e mulheres, diferenciava-se apenas a idade, quanto mais velho, mais trabalho. Aos 71 anos se divorciou (sempre revolucionária!) foi pescadora, momento que curtiu um cigarrinho de maconha. Cigana, montava cavalo e derrubava no laço sem perder a pose e pra falar de cultura popular, teatro, dança e lazer, fechava as ruas e dizia " hoje carro não passa, hoje vai ter quadrilha" ( Antes de sair de casa tenho que aprender com ela, não conheço mulher mais bela, inteligente e valente que me ensinou o que é ser pra frente!)
Quando me perguntam se entrei na militância agora, prefiro não falar nada. Mas lembro que sou filha de Jovanina Soares. Com formação apenas até a quarta série, alfabetizou quase um bairro inteiro, alunos esses desacreditados, expulsos de outras escolas, considerados incapazes de aprender, Jovanina dava jeito! Transformou sua casa em escola, mas também era parteira, curandeira, costureira, benzedeira (me desculpe os chineses, mas ventosa aprendi com minha vó), entendia de alvenaria, com serrote na mão fazia mesa e cadeira de madeira com divina perfeição. Dividia uma maçã em 12 partes, alimentou operários em grandes construções. Ajudava até mesmo quem ela tinha como inimigo. Dona Inácia, era a unica senhora moradora da rua que ainda tinha sua casa de taipa, minha vó e ela estavam naqueles longos anos de inimizade.
Muito conhecida e prestativa, tinha uma fila a perder de vista de pessoas que lhe deviam favores. Perto da chegada do inverno, que dura 6 meses em São Luis, ela passou a arrecadar dinheiro pedindo a todas as pessoas que passavam pela rua, comprou tijolo, cimento, todo material necessário. Seu Luiz, pedreiro, pai da ultima criança que ela trouxe ao mundo, ficou grato em poder retribuir construindo a casa de dona Inácia. Na politica morreu defendendo e fazendo militância para seu Basileu, que nunca conseguiu ser eleito vereador do Bairro de Fátima. Em casa quem mandava era ela, serviços domésticos eram iguais para homens e mulheres, diferenciava-se apenas a idade, quanto mais velho, mais trabalho. Aos 71 anos se divorciou (sempre revolucionária!) foi pescadora, momento que curtiu um cigarrinho de maconha. Cigana, montava cavalo e derrubava no laço sem perder a pose e pra falar de cultura popular, teatro, dança e lazer, fechava as ruas e dizia " hoje carro não passa, hoje vai ter quadrilha" ( Antes de sair de casa tenho que aprender com ela, não conheço mulher mais bela, inteligente e valente que me ensinou o que é ser pra frente!)
zeferina
mãe eu vim de muito longe
vim de longa caminhada
mas agora estou aqui
pra contar sobre as estradas
botei a saia no mundo
pus a saia p girar
abriu porta, abriu trincheira
o meu canto levantá
grito la contra o racismo
e o machismo serão derrubados
vou fortalecer mulheres
para andarmos lado a lado
sou uma negra Zeferina
de espingarda, facão e machado
na outa mão um punho forte
tenho o braço levantado
sexta-feira, 10 de maio de 2013
quem nasce com pé no chão, sonha acordado
quem me acorda
logo cedo serve chá
quente a corpo
sol no olho
cegas mãos
papo mudo
longo dia...
longa a estrada
sempre alongo
passo a passo
agente avança
agente cansa
anda, balança e não
descansa na sorte
assombra, seca
o leite
o trigo
a força do braço,
barro
agente chila
rachado
trincado
assanha a sorte
morte solteira
baladeira de pivete
água escassa
se equilibra
vesga
veste
peste
ver-te acordar
veste
peste
ver-te acordar
agente sonha
agente reverte
segunda-feira, 6 de maio de 2013
um amigo diz
[poeminha feito agora]
.
quero te liquefazer
ver-te verter o prazer
em mucosas quando gozas
chafarizes, suor e lágrimas
quero o néctar do beijo
o desejo, cego desejo
do dizer mais belo de si
sem palavras, mudo sim
quero à noite, a luz do dia
o calor de um tempo frio
no hálito quente do vento
de tua boca, do teu ventre
quero sempre, quero entre
deixe a porta encostada
que, tão logo, quando penses
chegarei, assim, do nada
quinta-feira, 2 de maio de 2013
quando sorrir
no rosto
não se cola
nem se costura
a falsa imagem
de doçura
assim
mostrando os dentes
quando
me vou sorridente
caminhando
sempre segura
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